"Quem dera as minhas palavras fossem registradas..

Sunday, February 05, 2006


As mulheres na informática
Se levarmos em conta o fato de uma sala de SI ter 40 alunos sendo q somente 5 desses são meninas poderiamos parar para pensar qual o motivo que leva tão poucas mulheres a procurar tal profissão.O que me levou a escrever sobre tal assunto foi o fato de o orkut uma rede utilizada para encontrar velhos amigos,fazer novas amizades,onde podemos também encontrar comunidades pelo qual nos identificamos foi justamente ai que me veio o meu interesse quando descobri uma comunidade para mulheres programadoras com a participação de somente 122 pessoas um n° significativamente baixo,então resolvi pesquisar sobre as primeiras mulheres da informática.Segue um texto abaixo.
Espero que gostem.
As primeiras mulheres da informática,mulheres do ENIAC
Um estudo histórico das dificuldades enfrentadas pelas mulheres ao escolher a carreira científica.
O ENIAC (Electronic Numerical Integrator and Computer) foi desenvolvido durante a II Guerra Mundial para computar trajetórias táticas que exigissem conhecimento substancial em matemática. Seus arquitetos, John Mauchly e J. Presper Eckert criaram e testaram com sucesso toda a parte de computação eletrônica e digital, descrita como “a máquina que mudou o mundo”. Apesar dos nomes de Mauchly e Eckert estarem na história da computação, a contribuição das mulheres programadoras para o ENIAC foi rebaixado a algo de importância inferior. Essas “Mulheres do ENIAC” foram vitais para o sucesso do ENIAC, trabalhando num campo que até hoje pode ser descrito como masculino.
Muitas mulheres que trabalharam na Escola Moore de Engenharia Elétrica da Universidade da Pensilvânia, local onde foi desenvolvido o projeto do ENIAC, deixaram a tradicional carreira feminina de professora, e então puderam trabalhar com matemática. Isso não era comum naquele tempo. Geralmente esperava que a mulher que completasse os estudos ou se casasse, ou se tornasse professora (Fritz 1996). Essas mulheres quiseram aplicar seus conhecimentos e trabalhar na área de matemática. A Escola Moore empregou ambas mulheres, as que tinham estudado matemática e também alguns membros do Women's Auxiliary Corps – WACs (Corpo Auxiliar de Mulheres) como “computers” (algo como especialista em cálculos), responsáveis por fazer tabelas para tragetórias de tiros e bombardeios (Winegard e Akera 1996). As mulheres trabalharam com calculadoras eletrônicas, mas muitos cálculas dessas tragetórias precisava ser finalizado manualmente (Kay McNulty Mauchly Antonelli sem data). As mulheres eram consideradas capazes de realizar esse trabalho mais rapidamente que os homens já que essa tarefa era considerada muito repetitiva para os homens.
Quando os arquitetos estavam procurando por programadores, seis mulheres foram escolhidas para desenhar e criar o programa de tragetórias. As mulheres, Kathleen McNulty, Frances Bilas, Betty Jean Jennings, Elizabeth Snyder, Ruth Lictermann e Marlyn Wescoff, tinham grandes conhecimentos de matemática, em grande parte adquiridos na universidade. Elas não tinham a mesma classificação profissional que os colegas homens com a mesma formação e experiência (Moye 1996). Sua clasificação era simplesmente SP, que significava “subprofissional”. Desde que o ENIAC começou a ser desenvolvido para uso militar, a segurança não permitia o acesso das mulheres à sala do computador. Elas foram obrigadas a aprender a programas apenas usando diagramas de engenharia, já que manuais de programação ainda não tinham sido desenvolvidos. Quando seu acesso foi finalmente permitido à sala do ENIAC, a maior parte do tempo era para limpeza depois dos engenheiros homens. É importante ressaltar que a programação não era como conhecemos hoje. Era um trabalho difícil pela troca de conexões de cabos, e inserção de montanhas de dados com cartões perfurados. Estas mulheres entenderam todas as complexidades dessa arquitetura através do seu “treinamento” auto-didata e solucionaram muitos dos problemas para o sucesso na demostração do ENIAC em 1946.
Uma das maiores dificuldades enfrentadas pelas programadoras mulheres foi a diferença no tratamento entre os gêneros. Os diretores do ENIAC temiam a hostilidade sexual no ambiente de trabalho. Não era comum que homens e mulheres trabalhassem nos mesmos laboratórios ao mesmo tempo. John Mauchly, um dos arquitetos do ENIAC, descreveu o ambiente de trabalho da engenharia como uma instituição de gênero. As mulheres do projeto não eram respeitadas da mesma maneira que os homens. A história do ENIAC escrita pelo exército teve o cuidado especial de gravar o nome de cada programadora ao lado do nome dos engenheiros com quem casaram, e o nome de uma das mulheres foi escrito errado. Jean Bartik foi quase demitida depois de se casar, e o diretor da Escola Moore disse que iria demití-la tão logo ficasse grávida (Fritz 1996). O conceito errado sobre ter um ambiente de trabalho misto serviu somente para dificultar o trabalho dessas mulheres e de outras que as seguiram.
Devemos considerar que essas mulheres tiveram sorte por ter um trabalho na área de matemárica nessa época. Entretanto, é perceptível que suas contribuições foram minimizadas pela mídia e pelos diretores do projeto. Para fazer o ENIAC funcionar, os programadores tinham que refazer conexões, trocando e plugando diversos cabos. Equações diferenciais complexas tiveram de ser quebradas em suas etapas mais simples, encaminhadas a um circuito eletrônico e realizadas em seqüência com uma precisão de 1/5000 de segundo. Apesar de sua complexidade, programação era considerada trabalho monástico e relegada às mulheres. Apesar de extremamente complexo, programar foi considerada uma tarefa de escritório e delegada às mulheres. Em 1946, após o primeiro teste bem sucedido do ENIAC, a equipe de funcionários masculina comemorou, enquanto as programadoras mulheres tratadas como “subprofissionais” foram pra casa. Nos olhos dos historiadores, a máquina é que era a história, e não as programadoras atrás dela. Quando a Universidade da Pensilvância comemorou 50 anos do ENIAC, somente algumas das mulheres foram convidadas para a cerimônia num primeiro momento. Para os olhos da história, a contribuição dessas mulheres foi vista como comum, já que eram tempos de guerra.
As mulheres do ENIAC foram mais do que meras técnicas; elas participaram integralmente do planejamento e testes do ENIAC. Apenas duas das seis mulheres que começaram o projeto permaneceram no ramo da ciência da computação depois de casar. Betty Holberton participou significativamente do desenvolvimento do FORTRAN, no controle de standardizatização. Grace Hopper descreveu ela como a melhor programadora de computadores que ela conheceu durante sua carreira (Fritz 1996). Jean Bartik voltou para a ciência da computação após o nascimento de seu filho. Entretanto era difícil para uma mulher ter uma carreira e criar um filho ao mesmo tempo. Elas foram malvistas tanto pela sociedade quanto pelos seus colegas de profissão.
O tratamento dado pela história às contribuições femininas para as ciências conduz a uma falta de modelos femininos. Seus trabalhos foram negligenciados historicamente pelo dos homens. A tragédia real é a resistência da história em fazer uma revisão dos fatos, já que as atitudes sociais mudaram. As mulheres do ENIAC escolheram suas carreiras usando suas habilidades em matemática ao invés de conformarem-se com as carreiras socialmente aceitas, como ensinar. Enfrentaram a discriminação no trabalho por terem sua formação menosprezada e pela natureza sexista do ambiente de trabalho técnico. Suas contribuições significativas para “a máquina que mudou o mundo” nao deve ser tratada como uma coisa trivial no tempo de guerra e sim como um triunfo dessas mulheres pioneiras na ciência da computação.